Na leitura do último episódio, vimos que Isaías está trabalhando como contínuo do jornal O Globo, isto é, ele ajuda os jornalistas, faz serviços de rua, busca tinta aos tinteiros quando é solicitado... e com isso consegue pagar por um quarto, comer e se manter na capital. Em contrapartida, parece que Isaías esqueceu por que ele foi morar ali, deixou de lado seu sonho de estudar, de fazer faculdade, e já não abre nenhum livro. Faz já um ano que trabalha no jornal e está acomodado e até orgulhoso de sua condição de ajudante dos jornalistas, classe que então contava com prestígio na sociedade carioca.
Existem pontos de semelhança entre a vida de Isaías Caminha e de Lima Barreto, como acontece também com outras personagens do autor. Isaías e Lima são mulatos, cientes do preconceito que sofrem em função da cor da pele e da condição de pobres. Isaías só descobriu essas características em si, ou elas só se fizeram sentir com mais afinco, com a viagem ao RJ. Desde o trajeto no trem ele percebe um tratamento diferenciado e pior das pessoas para consigo. Assim como Lima, depois desse entendimento, Isaías adquire um discurso de inconformismo com as condições geradas pelo preconceito racial, que ele registra em suas Recordações. Os dois, personagem e autor, vivem no período pós-escravocrata e têm uma trajetória em redações de jornais, entre eles o O Globo, no final do período imperialista e de consagração da república.